quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

o coração do poeta



O coração do poeta fala de amor
Mas também sabe odiar.
Ele fala das intensas paixões vividas
Mas talvez não fale daquelas pessoas
Que ele um dia desprezou.
É um coração que sente saudades
Que fica pequenino ante a ausência
Da pessoa amada
Mas que também pode tornar-se indiferente.
Nos versos de amor que o poeta tece
Como uma linda tapeçaria
Talvez esconda a dureza e a insensibilidade
Que habitam em seu coração.
Então o poeta vive de usar máscaras?
Então as suas palavras
Não passam de ilusão, de engano?
Não, o poeta apenas reflete
Aquilo que ele é:
Um ser humano falho e perdido
Como qualquer outro
Alguém capaz de errar sempre
E de procurar sempre acertar.
O poeta fala da vida e do amor
Com a propriedade de quem os viveu
Em toda a sua intensidade
De quem experimentou as coisas ruins e boas
Que viver traz consigo.
Quando quer falar de saudade
O poeta não vai beber em fontes alheias
Não procura nos livros de filosofia
Ou nos dicionários o sentido
Da palavra saudade
Mas ele fala daquilo que existe dentro dele
Que ele vivenciou em seu caminhar.
O poeta é um sonhador
E mesmo com todos os seus desacertos
Ele enxerga o melhor da vida
Enxerga Deus em cada propósito.
O poeta compreende que ele não é
Mas apenas está sendo
E que a soma de todas as suas
Alegrias e vicissitudes
É o total exato da sua existência.
Sim, o poeta e o seu coração
Podem até se confundir entre o sentir e a razão
Mas como nenhum outro ser humano
Ele se debruça sobre o livro da vida
E expressa o mais profundo do seu ser
Mesmo que em alguns momentos
As suas palavras se confundam
Mesmo que por fora um iceberg seja imponente
Enquanto por dentro um vulcão ativo
Cospe larvas incandescentes.
O poeta e seu coração
Quem os entenderá?
Somente o supremo Poeta que os criou
Em sua totalidade o saberá
Somente quem os formou da substancia disforme
Poderá discernir e dizer com clareza
O que se passa no seu íntimo.
Porque mesmo nas suas poesias mais profundas
O poeta jamais poderá
Compreender com total clareza
Os propósitos do seu coração.
Mas mesmo sem se compreender plenamente
O poeta é feliz
Por poder pensar a vida e a si mesmo
Pela capacidade que Deus lhe deu
De colocar impresso no papel
Todas as coisas que ele sente e vive.
O poeta é um leitor da realidade
Um escultor de sonhos
Um desbravador do desconhecido
Um guerreiro da batalha da vida.
E mesmo com todas as suas limitações
Mesmo com os erros que ele comete
Ele escreve e sempre escreverá
Porque o seu coração está repleto
De palavras e sentimentos verdadeiros
Mesmo aqueles ruins.
Feliz é o poeta
E feliz é o seu coração.

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