terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

ACONTECIMENTOS




Em caso de emergência, abrace
Em caso de limite, ultrapasse
Em caso de amor, doe-se
Em caso de erro, perdoe-se
Em caso de dúvida, compreenda-se
Em caso de acaso, surpreenda-se
Em caso de ruína, reconstrua
Em caso de sorriso, retribua
Em caso de poema, recite
Em caso de socorro, grite
Em caso de guerra, pregue a paz
Em caso de doce, peça mais
Em caso de início, chegue ao fim
Em caso de namoro, diga sim
Em caso de viagem, faça as malas
Em caso de rosas, vá cheirá-las
Em caso de música, cante
Em caso de desafio, siga avante
Em caso de chuva, dance na rua
Em caso de briga, fique na sua
Em caso de céu, conte as estrelas
Em caso de mágoas, tente esquecê-las
Em caso de incêndio, seja um herói
Em caso de filme, seja um Cowboy.
Em caso de Deus, adore
Em caso de doação, colabore
Em caso de escrever, tente terminar
Em caso de não conseguir, vá sonhar.

Mizael de Souza Xavier

16.02.2016

domingo, 14 de fevereiro de 2016

O ESTRANHO MUNDO DE LEAZIM




Não existem fores enfeitando os canteiros
Nem borboletas voando estabanadas
No estranho mundo de Leazim
Todos os caminhos conduzem a nada.

As noites são sempre mais escuras
As horas do dia parecem se arrastar
Quando todas as coisas de repente se encaixam
Tudo termina saindo do lugar.

No estranho mundo de Leazim
A solidão não é sombra passageira
Ela é constante como a poeira da terra
E uma amiga sempre fiel e verdadeira.

Existe um silêncio que de tão estrondoso
Faz empalidecer qualquer música contente
Existem gemidos, sussurros e atritos
Que se disseminam de modo eloquente.

É tudo ás avessas neste estanho mundo
Mas existem coisas perfeitamente palpáveis
A fé num Deus que a tudo pode transformar
E a certeza do paraíso são bastante estáveis.

Tantos sonhos, medos, anseios e ideologias
Poesias, desejos, raios e trovões
Saudades, sentimentos, razão, esperança
No mundo de Leazim existem mil tentações.

Como há de ser o dia de amanhã?
Neste mundo tão estranho nada está definido
Apenas a certeza de que tudo pode mudar
E que o hoje e o amanhã não precisam ser parecidos.

No estranho mundo de Leazim
Poucos têm a ousadia de penetrar
Alguns observam de fora e fazem comentários
Outros passam rápidos e mais rápido querem julgar.

Tudo muda, tudo sempre se transforma
E este mundo imperfeito está sujeito a mutação
Quem sabe um dia a estranheza o abandone
E o mundo de Leazim de transforme em canção.


14.02.2016

sábado, 13 de fevereiro de 2016

DEIXEM-ME SER FEIO!




Dizem que a beleza está nos olhos de quem vê
Em parte eu concordo, em parte discordo
Então deixem-me explicar e esclarecer:
É fato que quando amamos alguém
Enxergamos beleza até onde não há
O ser amado se torna belo e esplendoroso
Como um artista de cinema ou de televisão
Porque o amor cegou o nosso coração.

Outro fato importante impossível de esquecer:
O que importa mesmo é a beleza interior
Aquilo que é externo é vão e passageiro
E se entre o casal não existir o real amor
A feiúra de dentro logo salta para fora
E aquele amor perfeito baseado na aparência
Num instante murcha e vai embora.

Mas desculpem-me a minha grande sinceridade
Em dizer algo que reconheço ser verdade:
Os feios existem sim e não são poucos!
Não estou falando da feiúra interna
Mas daquela que o espelho é capaz de mostrar.
Existem pessoas feias de assustar
Daquelas que caminham invisíveis pelas ruas
Não são notadas e sequer paqueradas.

Meu Deus, então elas serão umas coitadas?
De modo algum! Elas são feias e são felizes.
Que problema há em tanta feiúra?
Quem disse que todos devemos ser bonitos?
Por que algumas pessoas teimam em aconselhar:
Não digas que és feio, isso á baixa autoestima?
Então para ter a minha autoestima elevada
Preciso me considerar bonito como os bonitos?
Então preciso me enganar que sou tão belo
Quanto os atores lindos que aparecem na televisão?

Isso é engano, é mentira, é pura ilusão
Além de ser preconceito contra os desvalidos de beleza!
Bem quis Hitler que todos fossem iguais:
Arianos, loiros, dos olhos azuis brilhantes.
Negro? Não! Judeu? Jamais, esqueçam!
Então, que morram todos os feios
Que desapareçam todos os desiguais
E os que permanecerem vivos por pura sorte
Considerem-se lindos daqui até a sua morte!

Ora, calem essa ideologia da beleza
Essa ditadura do belo, do perfeito, da mídia!
Deixem-me ser feio, eu amo ser feio.
Quem disse que preciso me considerar lindo?
Quem disse que só serei feliz estarei bem comigo
Se olhar-me no espelho, para a minha figura estranha
E dizer: Nossa, como você é maravilhoso, amigo?!
Sou feio, quero ser feio, preciso ser feio
E sei viver tranquilo com isso, feliz com isso.

O fato mais importante é aquele já mencionado:
A beleza interior é a que mais deve nos apetecer
O que é externo um dia irá perecer
O que restará senão fotografias e um cadáver?
O que sou, o que penso, o que sinto, o que escrevo
Isso será perpétuo e jamais se apagará.
A minha alma é o que realmente Jesus veio salvar
O meu caráter é que precisa de operação plástica
O meu temperamento necessita de intervenção cirúrgica
A minha espiritualidade é que requer retoques.

Serei feio, sempre feio, alegremente feio
Não importa o que pensam os outros
Não importa que insistam no contrário.
Sou um feio assumido, declarado
Que neste momento sai de dentro do armário.


Mizael de Souza Xavier

02/07/2015

SEMENTE





Ele
Era apenas
Uma pequena semente
Que aos poucos cresceu
À medida que o tempo passava
E que absorvia da vida seus saberes
E se entretinha em tantos e diversos afazeres
Em busca de firmar-se como ser neste mundo de lutas
Aceitando cada revés e todas as justas e as injustas disputas
Porque entendia que somente no calor de uma batalha é que pode existir
A possibilidade de alcançar sempre coisas maiores para vencer e prosseguir.
Mas os caminhos escolhidos nem sempre eram feitos de veredas corretas
E os jogos que ele jogava na tentativa de alcançar os seus objetivos
Acabavam, enfim, demonstrando-se injustos e subversivos
Até que a sua escada desmanchou-se sob seus pés
E ele se viu caindo em um profundo precipício
Não encontrando mais qualquer artifício
Para permanecer firme e seguro
Encontrado paredes e muros
Que logo o detiveram
Até que ele voltou
A ser de novo
Tão apenas
A semente:
Ele.

Mizael de Souza Xavier

12.02.2016