terça-feira, 30 de novembro de 2010

poema do adeus



Leve o teu silêncio
Para onde os meus olhos não possam enxergá-lo
Deixa-me só comigo mesmo
Porque é melhor viver na escuridão dos meus passos
Que me perder nos teus caminhos
Que jamais me levaram a lugar algum.

Esquece-me em meu mundo
Porque mudos estão os meus pensamentos
E o vazio que agora me preenche por dentro
É sombra do que morreu
Quando um dia apunhalaste o meu coração
Entregando-o à total desolação.

Segue o teu destino
Como flecha certeira que de nada se desvia
Alcança o teu alvo e te finca
Em qualquer lugar longe de mim
Porque a tua presença a minha alma abomina
E a tua lembrança é amarga como fel.

Liberta-me de ti
E deixa-me apagar todas as doces lembranças
Que insistem em não partir
E assim serei livre para amar novamente
Para entregar-me ao doce mel da felicidade
E reparar os estragos que você causou
À minha alma vagueira e tristonha.

Leva-te para longe de mim
Ausenta-te dos meus sonhos diurnos
Porque hoje sei que sem ti posso ser feliz
Posso renascer do túmulo em que me enterraste
E reviver para a vida fortalecido
Porque das pedras que você lançou em mim
Fiz uma escada para erguer-me até o céu.

Então, adeus
Estas são palavras de quem um dia foi teu
E que você, em tua loucura, desprezou.
Abraço o horizonte distante e improvável
E no meu barco a velejar para sempre irei
Já não importa onde irei atracar
Mas a viagem é minha
E sozinho sei que eu jamais caminharei.


30 de novembro de 2010.

domingo, 28 de novembro de 2010

Deus

Quando Deus age
ninguém pode impedir

Quando Deus abre
ninguém pode fechar.

as chuvas de bênçãos de Deus
ninguém pode reter

os sonhos de Deus
ninguém pode apagar

os planos de Deus
ninguém pode frustar

a vitória de Deus
ninguém pode tirar

os decretos de Deus
ninguém pode revogar

a mão de Deus
ninguém pode segurar

a justiça de Deus
ninguém pode evitar

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

mensagem



Eu choro todas as vezes que olho para o teu coração e nele vejo uma placa me dizendo assim: Volte amanhã. E quando eu volto, a mesma placa me diz sempre a mesma coisa e fico desesperado. Eu  te amo muito! Por favor, abre as portas do teu coração para mim e tenta compreender que dentro do meu peito existe um amor que muito chora toda vez que lembra que um dia você fez parte da minha vida.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

mensagem

Em certos momentos de nossas vidas chegamos a pensar que o amor é uma meta impossível de ser alcançada. Muitas são as desilusões que sofremos no decorrer de nossos dias, e em cada uma delas vamos aprendendo a lidar mais com nossos próprios sentimentos. O verdadeiro amor demora muito a aparecer, mas nem por isso vamos deixar de tentar cada vez mais. Se brincam com os nosso sentimentos, a única coisa que temos a fazer é esquecer e tentar perdoar, o que às vezes se torna muito difícil. Mas devemos erguer a cabeça e seguir firmes pelas estradas da vida. Neste pouco tempo que tenho de existência aqui neste mundo de almas machucadas, já sofri o bastante por causa do amor. Chorei por um amor impossível de ser conquistado e que durou vários anos. Aprendi que o amor é bom e essencial, mas às vezes faz sofrer, e muito. Mas nem por isso vou deixar de querer amar cada vez mais e mais. Porém, um conselho eu dou: tente amar aquela pessoa que realmente te ama e quer te fazer feliz, pois amar sem ser amado dói muito. E se você sabe que uma pessoa te ama e você não a quer, não tente brincar com os sentimentos dela, pois isso não é um ato justo. Vamos viver se receio de cair, pois é caindo que aprendemos a dar mais valor à vida e às pessoas que nos cercam. Vamos abrir nosso coração para deixar entrar a paixão e a felicidade plenas. Vamos amar sem medo de sofrer, e se por acaso sofrermos, não vamos ter medo de lutar de novo, porque nesta vida o mais importante de tudo é ser verdadeiramente feliz e fazer alguém feliz.

valeu a pena


Sofri, chorei
e mesmo sem ter sido amado,
amei.
Cantei, sorri
e a única coisa que eu sei
é que tentei,
é que vivi.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

aceito

Te conheci
Me envolvi
E gostei
Do que senti
Aqui dentro
Um balanço
Que não canso
De sentir.
Se te vejo
O desejo
Do teu beijo
Me alucina
E eu penso
Como pode
Existir
Alguém assim
Tão perfeita
Tão bonita
Tão atraente
Tão linda.
Então sonho
Acordado
Em teus braços
Meu desejo:
Teu carinho
O teu cheiro
Em meu peito.
Ah, eu sonho
E que ânsia
Mas insisto
Em sonhar
Porque isso
E só isso
Posso ter
E é o que
Você pode
Me dar.

Aceito!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

o homem e seus sonhos



O homem se orgulha do seu trabalho
E das obras das suas próprias mãos
Olha para o seu sonho realizado
E enxerga nele cada gota de suor derramado
Todas as noites que passou em claro
Todo o esforço investido
E tudo aquilo de que precisou abrir mão
Para que finalmente chegasse
Onde exatamente está.

É a sua glória, o seu apogeu!
Olha para a platéia e curva-se
À espera de ovações e reconhecimento
É ele o ator principal da sua história
O autor único das suas conquistas
O arquiteto das suas grandes vitórias
Ele mereceu estar ali
Ele certamente está feliz por isso.

Oh, homem insensato!
O que ele possui que de Deus
Não o tenha recebido?
Quem, por mais talentoso que seja
Por maiores aptidões que possua
Por mais dinheiro que consiga juntar
Pode controlar o seu próprio destino
Ou simplesmente garantir a certeza
De acordar vivo no outro dia?

Ora, de onde vem o ar que alimenta seus pulmões
Ou quem criou a atmosfera que o envolve?
Quem criou os dinossauros que morreram
E que apodreceram no subsolo
Para se transformarem em combustíveis fósseis
Que fazem seus carros andarem
Que fazem funcionar suas fábricas
Que produzem os seus bens?

Quem criou a terra, as plantas
E os animais que lhe servem como alimento?
Quem formou todas as riquezas minerais
Todos os elementos químicos
Ou quem dispôs em perfeita harmonia
Todas as leis que regem a natureza
As leis da física, da química, da biologia
As leis da matemática e tantas outras mais?

Quem mantém o sol e a lua exatamente onde estão
E os impede de se aproximar ou se distanciar
Um único grau do nosso planeta
Impedindo que todo ser vivo morra queimado ou congelado?
Quem criou os ciclos das chuvas
E pôs o nível nos oceanos e mares?
Quem criou o solo que faz crescer as hortaliças
E que alimenta o gado, os cavalos
E todos os animais dos quais tal homem depende?
Ou quem criou todos esses animais?

Mas o homem olha para o céu e as estrelas
Olha para a riqueza ao seu redor
Senta-se sobre suas grandes conquistas
E diz a si mesmo:
“O universo inteiro conspira a meu favor”.
E quem criou o universo que o rodeia?
Quem o colocou no universo para existir
Nesse minúsculo planeta chamado Terra?

Assim como o orvalho da manhã é a vida do homem
Seca-se aos primeiros raios do sol
Com a brisa que sopra sobre as árvores
Ou como as inconstantes ondas do oceano
É o homem e todas as suas conquistas.
Aquilo que é sólido como uma rocha hoje
Amanhã pode esvair-se como poeira
Aquilo que traz grade certeza ao seu coração
Amanhã poderá ser a sua loucura.

Diante da vida que não se medra
Ou da morte sutil que nunca se espera
Caem as conquistas desse homem insano
E todos os seus sonhos e os seus planos
Como fruta apodrecendo no pomar
Lançam-se ao chão e delas ninguém jamais falará
E jamais poderão lhe garantir a felicidade
E a satisfação de construir castelos
E conquistar tesouros eternos
Onde a traça e o tempo não podem roer
Ou os ladrões e as circunstancias não podem roubar.

Quisera o homem olhar para o céus
Com os joelhos cravados na terra em adoração
Agradecendo a Deus cada gota de vida
E cada sucesso que sua vida alcance
Reconhecendo nele o autor de tudo que há
De quem vem todo dom perfeito
E de quem procede todas as boas dádivas
Todas as graças que nos trazem alegria
E todas as coisas que nos permitem estar vivos.

Ah, que orações lindas seriam feitas
Dedicando a ele o lugar mais alto no pódio
E esperando dele a força e a capacidade necessárias
Para continuar lutando, vencendo
Para poder todos os dias abrir os olhos e dizer:
“Estou vivo em mais um dia que Deus me deu”.
E aquele será o único dia, a única oportunidade
O momento exato de todas as coisas acontecerem
Sob a benção do criador da vida
Do autor e consumador da nossa fé
Do Deus da nossa salvação.

Amém.



quarta-feira, 17 de novembro de 2010

cuidado



Deveria pensar mais
E entender melhor as coisas
Antes de tomar decisões
Antes de dizer o que penso
Ou de expressar o que sinto
Ou mesmo antes de me deixar
Levar pela emoção
De um amor que se inicia.

Deveria esperar mais
Antes de esperar demais
Das pessoas que não podem
Dar aquilo que preciso
Antes de falar de sonhos
Antes de fazer quaisquer planos
Prevendo um futuro
Que talvez jamais virá.

Deveria me contentar mais
Com a solidão que me resta
Enquanto a noite passa
Sem saber se vai findar
Ou com a rude certeza
De um arco-íris sem cor
Desbotado pelas amarguras
De tudo que já sofri.

Deveria entender mais
O que Deus quer me mostrar
Diante das circunstâncias
Que me sugam como dragas
E esperar que um dia
Tudo aquilo que não entendia
Se torne claro como o dia
E eu possa descansar.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

ideais de um mundo inacabado



Corações cheios de conflitos
Mentes que choram de dor
Uma porta aberta pro vazio
A inocência espalhando o terror.

Uma vela acesa na escuridão
Flores enfeitando o túmulo
Vidas que chegam ao fim
Ódio que chega ao cúmulo.

A paranóia insistente, degradante
Fere a sociedade espalhando a morte e caos
Tudo que é novo não é mais como era antes
O homem segue evoluindo, transformando o seu mal.

Uma vala, uma cova, um buraco, uma cilada
Um corpo com saúde cai vitimado pela bala
Controle remoto, comandantes da chacina
“Faz o que te mando ou senão tu vai pra cima”.

E a verdade é que vivemos dentro de uma prisão sem muros
Porque dentro de nós mesmos não estamos seguros
O pino da granada foi atirado fora
É hora de dar adeus, é hora de ir embora.

Mas vou preservar os sonhos que inventei
De um mundo paralelo onde sobreviverei
Não é uma sociedade alternativa, meu amigo
É apenas uma chance de viver fora de perigo.

Não quero ser medíocre, jamais serei diminuído
Conheço o meu valor, sei em quem tenho crido
Infelizmente para muitos o muro é mais alto
A paz é invadida, tomada de assalto.

E o que resta é apenas a sombra da esperança
Desfigurada pelo medo de viver e de lutar
Mas enquanto houver vida e o coração pulsar
Sei que no céu existe Deus e eu posso confiar.

Ilusões em formas injetáveis
Transparências de um mundo-cão
Ostracismo dilacera a carne
O vazio encerra a rendição.

Idéias de um mundo abstrato
Escombros ferem a solicitude
O sangue mancha o chão de vermelho
Mas eu fiz o melhor que pude.

Quanto mais há choro, mais vidas são dizimadas
Mãos estendidas, formas de vidas inacabadas
O céu,o asfalto, o suor, o preconceito
Os titãs contemplam e não enxergam algum defeito.

Até quando os olhos estarão cerrados?
Até quando os ouvidos estarão interditados?
Até quando a boca estará silenciada, sentenciada?
Até quando os braços estarão cruzados?

Não, nós não somos descendentes dos macacos
Também não somos obrigados e viver como primatas
Dizemos que temos caráter, moral, dignidade
E afirmamos ter leis que devem ser observadas.

Não, eu não quero ver o meu próximo morrer
Nas mãos de uma sociedade reacionária, hipócrita
Está na hora de gritar, mudar essa história
E desistir de ser chamado de escória.

Ergue os olhos para o céu
É de lá a vitória.

o cadáver do desconhecido



Sentado no muro, sozinho no escuro
Vejo uma luz brilhar no meio do mato
E vem junto o barulho de um disparo
Pegadas correndo, amassando as folhas no chão.

Uma pessoa está morta quase do meu lado
Não sei o motivo, é melhor não saber
Sozinho no escuro, o que fazer
Correr ou então tentar socorrer?

O sangue mancha a terra de vermelho
Cabelos desgrenhados, olhos arregalados
É tão aterrorizante e até mete medo
Um buraco de bala no lado esquerdo do peito.

Sirenes rompem o silêncio na escuridão
Passos apressados, latidos de cães ferozes
“Sinto cheiro de cadáver” – diz o policial
E eu, o que farei se me virem aqui?

Sentado no muro, olhando do escuro
“Reconhece o corpo?” – “É meu filho, meu Deus!”
“Sinto muito, minha senhora, mas é isso que dá
Se envolver com gente barra pesada”.

Sirenes vão embora, cachorros também vão
Só restou a mancha de sangue no chão
Minha noite não será mais a mesma
Voltarei com medo para casa.

E vou contar tudo que vi
E tentar explicar o que senti
Quando vi na minha frente o cadáver
De alguém que eu nunca conheci.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

o grito



Sofro em silêncio na tristeza que me resta
Muitas almas passam por mim
E dizem: não quero te magoar
Não quero de jeito nenhum te fazer sofrer.
E sigo a minha jornada
Como numa longa procissão rumo ao nada
Carregando o meu próprio caixão
Onde os meus restos mortais descansam
Onde jazem os meus sonhos
Onde apodrece a esperança de ser feliz.
Os meus passos lentos caminham
Pesarosos pelas amarguras de uma vida
Onde as estrelas não cintilam
E onde as flores escondem suas cores
Todas as vezes que me vêem passar.
E me pergunto: que direção tomar?
Tento enxergar dentro de mim meus erros
E encontrar respostas suficientes
Para indagações que me perturbam
E me fazem cair num precipício
Num poço cujo fundo se distancia
Enquanto mãos me agarram
Ratos roem as sobras das minhas ilusões
E meus cabelos desgrenham
E se arrepiam ante a inércia da vida.
E na cela da minha alucinação
Ouso ainda erguer os olhos para o céu
Levantar as minhas mãos e clamar:
Senhor, eis-me aqui!
Socorre-me nesta masmorra pútrida
Liberta-me destas cadeias vis
E transforma o meu espanto
Em uma vida cheia de alegria.
Socorro, Senhor, socorro!
A minha alma grita...

lembranças



Cada vez
Era como se fosse a primeira
Cada beijo
Era como se fosse o último
Cada abraço
Era como se fosse o mais apertado
Cada gemido
Era como se fosse o mais profundo
Cada prazer
Era como se ainda fosse desconhecido
Cada olhar
Era como o sol brilhando em nós
Cada palavra
Era como se nenhuma bastasse
Cada gesto
Era como se fosse o pródigo
Cada adeus
Era como se nossa vida findasse
Cada reencontro
Era como se o tempo parasse
Cada batida do coração
Era como se ele fosse de repente parar
Cada gota de suor
Era  como uma gota no oceano do amor
Cada lágrima
Era como uma semente de vitória
Cada dor
Era como se o mundo acabasse
Cada distância
Era como se o chão saísse dos pés
Cada saudade
Era como o sol que não se apaga
Cada lembrança
Era como tudo que traz alegria
Cada término
Era como o começo de uma nova história
E cada vez
Cada vez que relembro do tudo vivido
Sinto a dor do nada contido
Numa existência cada vez mais insana
Pois em cada recordação
De cada beijo
Cada olhar, cada palavra
Existe um amor que grita:
A cada dia te amo mais!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

um caso de amor entre o rico e o pobre


Desejo nestas linhas corrigir uma injustiça dita a respeito das pessoas ricas, principalmente daquelas muito ricas. Para começar, ser rico não é defeito algum, não é uma doença ou algum tipo de maldição hereditária. Se fosse, a maioria das pessoas não passaria a vida toda sonhando em enriquecer e lutando para ganhar milhões. E os que já nasceram ricos certamente iriam ao médico ou a uma igreja para se livrar desse terrível mal. Ser rico é conseqüência de vários fatores pessoais, sociais e outros que não é o caso debater aqui. O meu foco é outro.
O meu intuito mesmo é reparar um terrível engano quando falamos de pessoas muito ricas e dizemos: Rico não gosta de pobre. Não sei de onde tiraram essa idéia absurda! O leitor deve conhecer bem a parábola bíblica do rico e do Lázaro (Lucas 16:19-31). O rico era um sem-nome que vivia regaladamente com suas riquezas, enquanto Lázaro não passava de um despossuído coberto de chagas que jazia à porta do rico, comendo das migalhas que caiam no chão. As suas únicas companhias descritas na parábola eram os cachorros que vinham lamber as suas feridas. No fim da história, o rico morre e vai para o inferno colher o resultado de sua existência vã e vazia, enquanto o pobre regala-se no paraíso de Deus.
Existe algo que sempre me intrigou nessa parábola que o Senhor Jesus nos contou: Por que o rico tolerava a presença de Lázaro na sua casa? É interessante ler que o mendigo Lázaro desejava comer daquilo que caía da mesa do homem rico. Ora, ou ele esperava que os empregados fossem lançar fora e aproveitava para comer os restos, ou ficava literalmente “no pé da mesa” do rico de mãos abertas esperando as migalhas caírem. Seja como for, lá estava ele, sempre por perto, sempre presente. Por que o rico não o mandava embora ou chamava as tropas romanas para crucificá-lo? Meditando nestas coisas eu só consigo encontrar uma resposta: o rico gostava do mendigo Lázaro! Isso mesmo. Mas antes que me chamem de herege e me acusem de distorcer a verdade bíblica, quero apenas usar esta minha inquietação com relação ao texto para fazer uma analogia com os dias de hoje. Podem cancelar o telefonema para o inquisidor.
Olhando o rico e o Lázaro assim tão próximos, muitas razões me vem a mente para afirmar que os ricos “amam” os pobres. Sim, é verdade. E para não dizerem que estou falando asneiras, provarei a minha teoria. Vejamos algumas razões que nos levam a crer num caso de amor entre muitos ricos – não todos, é claro – e os muito pobres. Todas as razões que apresentarei partem de uma única premissa: OS RICOS PRECISAM DOS POBRES. Você duvida? Então acompanhe o meu raciocínio.

1) O rico precisa do pobre para sentir-se rico. Diante do pobre ele pode dizer: Como sou feliz por ter tanto dinheiro. Se não fosse a presença de quem nada tem, como alguém se enxergaria tendo alguma coisa?

2) O rico precisa do pobre para trabalhar por ele e para ele, para servi-lo. Para o rico, o pobre é apenas massa de manobra, mão de obra capaz de torná-lo ainda mais rico. Quanto mais pobres trabalhando, mais rico ele ficará. Livro que ele jamais lerá: O Monge e o Executivo.

3) O rico precisa do pobre para sentir-se poderoso. Como sabemos, a maior parte das riquezas do mundo estão concentradas nas mãos da minoria da população. Essa minoria é quem detém o poder político, social, midiático e financeiro do mundo. Diante dos muito pobres eles podem sentir-se os reis, os dominadores, os “deuses”.

4) O rico precisa do pobre para fazer obras filantrópicas e diminuir o desconto no seu gordo imposto de renda. Além de autopromover-se com obras filantrópicas e doações milionárias, o rico alivia a sua consciência pesada por ter tantas riquezas acumuladas enquanto a maior parte da população mundial padece de fome.

5) O rico precisa do pobre para consumir os bens e serviços que ele produz. Sem milhares de pobres consumindo as coisas que ele produz, como ele poderá enriquecer ainda mais? O pobre tem um alto valor de mercado.

6) O rico – quando além de rico decide enriquecer mais ainda entrando para a política – precisa do pobre para votar nele. E é aí que se pode ver mais claramente a intensidade do amor do rico: ele abraça criancinhas, visita as favelas, freqüenta cultos evangélicos, se preocupa com a saúde do pobre, com a sua segurança, educação, alimentação, finanças. É amor a primeira vista! E é aí que ele se rodeia de Lázaros, Severinos, Josés, Marias, Franciscos. Quanto mais ele amar o pobre, mais voto obterá nas urnas. Isso é que é amor!

                Estão vendo? Nunca mais digam que o rico não gosta do pobre, pois isso é uma injustiça, uma calúnia, uma difamação! Ele gosta e gosta muito. Bom, voltado à parábola citada, Jesus deixa claro que aquele “caso de amor” do rico para com o mendigo Lázaro não terminou muito bem – para o rico. Abraão, do céu, disse ao rico que jazia nas profundas infernais: “Filho, lembra de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui ele está consolado; tu, em tormentos” (v. 25). Esse caso de amor do rico com o pobre tem um final trágico. Queira Deus que os ricos usem as suas riquezas de maneira altruísta para amenizar um pouco o sofrimento desse mundo assolado pela miséria. Claro, somente um coração transformado por Deus pode fazer isso. Então, queira Deus que muitos corações milionários se transformem a cada dia.