sábado, 6 de novembro de 2010

a solidão



A solidão é um monstro invisível que nos lança numa guerra silenciosa e tortuosa contra a saudade que sentimos quando estamos longe da pessoa que mais amamos, ou quando estamos cercados da falta de amigos por todos os lados.
A solidão é um deserto de areias escaldantes, onde a sede de amor e atenção nos traz ilusões e miragens, fazendo-nos crer naquilo que é irreal para desviar nossos olhos da realidade e nos fazer cair desfalecidos.
A solidão é um mar de grandes ondas, que ferozmente batem contra a embarcação da nossa esperança, tentando despedaçar nossos desejos mais profundos. E como as ondas nunca são as mesmas, ficamos sem saber como nos defender, porque não podemos lutar contra aquilo que desconhecemos.
A solidão é uma chama que consome uma frágil vela que se acende na escuridão de nossas vidas, derretendo nossas fortalezas e minando pouco a pouco nossas fracas resistências.
A solidão é uma prisão sem muros, onde nos vemos sentenciados a viver solitários e ausentes, e de onde muitas vezes não temos capacidade de sair. Tememos o desconhecido mundo lá fora. Tememos não sermos aceitos e compreendidos. Tememos a nós mesmos em meio a uma multidão que julgamos inimiga e cruel.
A solidão é um sinal de fraqueza por não nos acharmos capazes de buscar auxílio em outra alma solitária. Ela é uma fuga para as nossas frustrações, um escudo contra as responsabilidades para com nosso próximo. É uma forma de nos alienarmos da vida, do mundo e da história, vivendo sempre às margens deles, jamais dentro. O solitário não é solidário!
A solidão é tudo aquilo que machuca e faz sofrer. Mas poder ser também a chance de um momento de reflexão, onde podemos avaliar nossos pensamentos, sentimentos, caráter e atitudes; onde podemos ter um encontro especial com Deus. Mas devemos saber que para encontrarmos a Deus precisamos buscá-lo no próximo, no inimigo e no irmão.
A solidão é uma faca de dois gumes, uma moeda de duas caras, uma rua de mão dupla, um princípio, meio e fim. Ela contém as respostas para muitas perguntas jamais respondidas; ela denuncia o nosso individualismo e o nosso egoísmo.
A solidão[1] é muito mais que possamos explicar. Mas uma coisa precisamos ter certeza: ninguém é capaz de viver só, sem compartilhar um pouco de si, sem doar e receber amor, sem ser ajudado e ajudar o outro a crescer. Precisamos sair da caverna da nossa solidão, pois Deus fez o homem para que ele vivesse em comunidade, e não isolado.


[1] A solidão pode matar...

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