terça-feira, 16 de novembro de 2010

o cadáver do desconhecido



Sentado no muro, sozinho no escuro
Vejo uma luz brilhar no meio do mato
E vem junto o barulho de um disparo
Pegadas correndo, amassando as folhas no chão.

Uma pessoa está morta quase do meu lado
Não sei o motivo, é melhor não saber
Sozinho no escuro, o que fazer
Correr ou então tentar socorrer?

O sangue mancha a terra de vermelho
Cabelos desgrenhados, olhos arregalados
É tão aterrorizante e até mete medo
Um buraco de bala no lado esquerdo do peito.

Sirenes rompem o silêncio na escuridão
Passos apressados, latidos de cães ferozes
“Sinto cheiro de cadáver” – diz o policial
E eu, o que farei se me virem aqui?

Sentado no muro, olhando do escuro
“Reconhece o corpo?” – “É meu filho, meu Deus!”
“Sinto muito, minha senhora, mas é isso que dá
Se envolver com gente barra pesada”.

Sirenes vão embora, cachorros também vão
Só restou a mancha de sangue no chão
Minha noite não será mais a mesma
Voltarei com medo para casa.

E vou contar tudo que vi
E tentar explicar o que senti
Quando vi na minha frente o cadáver
De alguém que eu nunca conheci.

Nenhum comentário:

Postar um comentário