domingo, 17 de abril de 2016

DO VENTRE PROFUNDO - Um poema da série: POEMAS DE FADAS.




Velho Gepeto, o que foi que tu fizestes?
Esculpistes um boneco em forma de menino!
Onde ele está agora que respira vivo?
Abandonou-te preso, não olvidou teu ensino.

Tantos conselhos dados àquela criança de madeira
Que agora do mundo fez a sua morada
Mentiras contadas, amizades traiçoeiras
Humanidade desejada, mas desenganada.

Agora estás a colher o fruto da tua ilusão
Devorado pela fera que logo vai sorver
A tua carne, os teus ossos, as tuas entranhas
De ti restará apenas uma lenda a te enaltecer.

Ah, velho Gepeto, impossível de te arrependeres
Pinóquio é teu filho, mesmo que de madeira
Apenas um menino num universo desconhecido
Para ele, meu velho, tudo é de brincadeira.

Então ânimo, porque ele deve estar à tua procura
O elo que os une jamais poderá se quebrar
Suporta firme no ventre do grande monstro
Que o teu Pinóquio haverá de te libertar.

Suporta a tua prova e verás que valeu a pena
Esculpir o teu sonho diante de tantas lutas
Aquece-te no fogo, mantém firme a tua esperança
Que não tarda a recompensa das tuas labutas.



16.04.16

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