Velho
Gepeto, o que foi que tu fizestes?
Esculpistes
um boneco em forma de menino!
Onde
ele está agora que respira vivo?
Abandonou-te
preso, não olvidou teu ensino.
Tantos
conselhos dados àquela criança de madeira
Que
agora do mundo fez a sua morada
Mentiras
contadas, amizades traiçoeiras
Humanidade
desejada, mas desenganada.
Agora
estás a colher o fruto da tua ilusão
Devorado
pela fera que logo vai sorver
A
tua carne, os teus ossos, as tuas entranhas
De
ti restará apenas uma lenda a te enaltecer.
Ah,
velho Gepeto, impossível de te arrependeres
Pinóquio
é teu filho, mesmo que de madeira
Apenas
um menino num universo desconhecido
Para
ele, meu velho, tudo é de brincadeira.
Então
ânimo, porque ele deve estar à tua procura
O
elo que os une jamais poderá se quebrar
Suporta
firme no ventre do grande monstro
Que
o teu Pinóquio haverá de te libertar.
Suporta
a tua prova e verás que valeu a pena
Esculpir
o teu sonho diante de tantas lutas
Aquece-te
no fogo, mantém firme a tua esperança
Que
não tarda a recompensa das tuas labutas.
16.04.16
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