terça-feira, 16 de junho de 2015

LEIA OU MORRA TENTANDO (Aos poetas e poetisas do mundo inteiro)





Neste poema vou falar sobre um assunto
Que tem gente que vai sentir doer
Até mesmo as tripas.
Mas tenho um ditado que diz:
A verdade existe e deve ser dita.
Pois bem, o assunto que lhes trago
É poesia ou poema, chamem como desejar
Quem escreve este gênero de literatura
Arregale bem os olhos e leia tudinho
Sem nenhuma linha pular.

Tenho visto por aí muito poeta arrogante
Ou até mesmo alguns desinformados
Exibindo seu talento na rede social
Escrevem aqui, escrevem acolá
Poema de amor, de desamor
E etc. e tal.
Mas tem cidadão que não tem noção
E parece que não pensa na hora de escrever.
Escreve de um jeito tão complicado
Que nem com o dicionário do lado
A gente consegue ler.

Usa palavras estranhas e uma linguagem rebuscada
Desconhecida da maior parte da população
Se fosse só para doutor e crítico ler
Não tinha problema algum
Eles resolviam logo a questão.
Mas o tal poeta inventa de escrever livro
E coloca à venda seus poemas mirabolantes.
O povo lê e relê, não entende coisa alguma
Derrete os miolos e a confusão é grande.

Pior é quando esse artista
Como um gesto de grande humildade
Compartilha com os pobres mortais
Os seus poemas nas redes sociais.
As pessoas simples, coitadas
Algumas pouco alfabetizadas
Começam a ler, desistem e não querem ler mais.
É porque o poema não faz sentido na vida delas
Nem nada lhes acrescentou
Foi um ajuntamento de palavras
Que ao invés de descomplicar
Não disse nada e ainda complicou.
  
Daí você indaga ao dito poeta:
Que marmota é esta que você escreveu?
Li para mais de dez vezes, queimei todos os neurônios
E até a minha alma doeu.
Por favor, escreva algo que eu possa entender
Sentir, me emocionar e saborear
Como uma fruta suculenta, gostosa.
Não sou nenhum intelectual
E gosto de entender tudo o que leio
Seja em verso ou seja em prosa.

E aí o poeta erudito
Aspirando virar imortal na Academia Brasileira de Letras
Diz ao coitado do leitor: O problema é todo seu
Vá fazer uma faculdade e deixe das suas mutretas!
E ele ainda diz mais:
Não escrevo para ser compreendido
Nem para agradar a vossa senhoria!
Eu escrevo o que manda o meu coração
Conforme a minha inspiração
E a minha sabedoria.

E pro quadro ficar mais completo
E o leitor ficar esperto, ele dá o tiro fatal:
A poesia é minha, quem escreve sou eu
Se você não consegue entender vá ler um jornal.
E o leitor coitado, fica ali triste,
Achando ser burro e tapado.
Desiste da poesia por achar tão complicada
Diz: Já que eu não entendo nada
Vou deixar essa coisa de lado.

Vá me desculpando se você é um desses poetas
Mas entenda a minha indignação
Se o tal poeta não escreve para agradar ninguém
Porque não esconde os seus poemas
Do olhar da população?
Ora, se não é para ninguém entender
Nada daquilo que está escrito
Não escreva nenhum livro, nem publique na internet
Mas compartilhe apenas com o seu público
Seleto e restrito.

Mais respeito pelas pessoas:
Um poeta não existe sem o leitor!
Quando escrevo é para ser compreendido
E fazer diferença na vida de quem me lê
E isto é escrever com amor.
Não aspiro a Academia Brasileira de Letras
Nem fico estufado feito um gabola
O meu desejo é que a poesia que escrevo
Alcance a mente e o coração do leitor
Seja lida e apreciada
Pelo doutor no topo da pirâmide
Ou a criança estudante na escola.

Quero ser compreendido
E por isso insisto em escrever
Em linguagem descomplicada.
É claro que o poema é meu
Fui eu quem deu vida a ele
Mas quero que esta vida alcance outras pessoas
Da maneira mais acertada.
E se as pessoas lerem e nada compreenderem
Como ficarão satisfeitas?
Não posso ser egoísta e escrever só para mim
Mas se um dia eu fizer assim
É melhor que meus poemas fiquem escondidos
Trancados em uma gaveta.

Desculpem-me, caros poetas e poetisas
Se este poema longo que escrevi
Feriu o coração de alguém.
Mas sou muito sincero na minha opinião
E mesmo que eu tente não vejo razão
Para escrever um poema que não vai nem vem.
Ah, mas podem ter certeza
Que mesmo que eu discorde da sua forma de escrever
Sou adepto da liberdade
E para defender o seu direito de se expressar
Sou capaz até de morrer.

Então fica aí o recado
Quem leu, com certeza entendeu
E não vai precisar ficar matutando
Sejamos poetas transparentes, vivos, contentes
Ao invés de escrever em mistérios
Coisas que ninguém compreende.
Melhor é que todos possam apreciar
A mensagem que o poema passa
Alguns muito sérios, outros cheios de graça
Alguns inteligentes, outros nem tanto.
Sejamos amorosos com o leitor
Ao invés de escrever e depois lhe dizer:
Leia ou morra tentando.


Mizael de Souza Xavier

16/06/2015

Um comentário:

  1. Gostei do recado...
    há mesmo muito poeta,
    um pouco atarantado,
    que escreve fiado,
    ideias erróneas,
    onde se perdem as palavras de tão rebuscadas!

    Parabéns....

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