quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

É SÓ O FIM

É só o fim


Eles correram para o meio do mato
Estavam de pés descalços
Suavam frio
Estavam desesperados.

Os espinhos feriram sua pele
Mas não podiam parar
Era preciso se esconder
Era preciso se ocultar.

Pararam debaixo de uma árvore
Seus corações acelerados
Trocaram olhares vazios
Palavras ditas sem razão.

O que fazer agora?
O que vai acontecer?
O seu passado eles conheciam
Eles não queriam morrer.

Uma arma contra o peito
Nada além do som do vento
E num momento de aflição
As lágrimas começaram a cair.

Que vida é essa que escolheram?
Tudo em volta agora é caos
Seria possível voltar atrás?
Seria possível acordar?

Relembraram a sua infância
Quando gostavam de soltar pipa
De jogar bola ao fim da tarde
De ir a Igreja no domingo.

Relembraram as escolhas
E as decisões erradas
E agora escondidos em seu vazio
Tinham medo do destino.

O latido dos cães ecoou
Sirenes e passos decididos:
“Eles estão escondidos aqui
Agora eles não escapam”.

Os dois correram apressados
Como que fugindo do inferno:
“Meu Deus, que vida escolhi
Senhor salva a minha alma”.

Os tiros dados em meio à mata
Selou aqueles dois destinos
Baleados pelas costas
Sentindo o sangue na garganta.

A família soube depois
E foram poucos os que choraram
A justiça não investigou
Viraram apenas estatística.

A infância trocada
Por uma lata de cola
E o futebol no fim da tarde
Por uma pistola 380.

O futuro soterrado
Sobre os escombros da mentira
Que vida é essa?
Que fim é esse?

Morreram abraçados
E pediram perdão a Deus:
“Salve nossos amigos
Enquanto eles ainda têm tempo”.


Mizael de Souza Xavier

26/02/2014

17:38hs

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