É
só o fim
Eles correram para o
meio do mato
Estavam de pés descalços
Suavam frio
Estavam desesperados.
Os espinhos feriram sua
pele
Mas não podiam parar
Era preciso se esconder
Era preciso se ocultar.
Pararam debaixo de uma
árvore
Seus corações acelerados
Trocaram olhares vazios
Palavras ditas sem
razão.
O que fazer agora?
O que vai acontecer?
O seu passado eles
conheciam
Eles não queriam morrer.
Uma arma contra o peito
Nada além do som do
vento
E num momento de aflição
As lágrimas começaram a
cair.
Que vida é essa que
escolheram?
Tudo em volta agora é
caos
Seria possível voltar
atrás?
Seria possível acordar?
Relembraram a sua infância
Quando gostavam de
soltar pipa
De jogar bola ao fim da
tarde
De ir a Igreja no
domingo.
Relembraram as escolhas
E as decisões erradas
E agora escondidos em
seu vazio
Tinham medo do destino.
O latido dos cães ecoou
Sirenes e passos
decididos:
“Eles estão escondidos
aqui
Agora eles não escapam”.
Os dois correram
apressados
Como que fugindo do
inferno:
“Meu Deus, que vida
escolhi
Senhor salva a minha
alma”.
Os tiros dados em meio à
mata
Selou aqueles dois
destinos
Baleados pelas costas
Sentindo o sangue na
garganta.
A família soube depois
E foram poucos os que
choraram
A justiça não investigou
Viraram apenas
estatística.
A infância trocada
Por uma lata de cola
E o futebol no fim da
tarde
Por uma pistola 380.
O futuro soterrado
Sobre os escombros da
mentira
Que vida é essa?
Que fim é esse?
Morreram abraçados
E pediram perdão a Deus:
“Salve nossos amigos
Enquanto eles ainda têm
tempo”.
Mizael de Souza Xavier
26/02/2014
17:38hs