domingo, 17 de abril de 2011

o que é o amor?

            Será possível definir algo tão transcendente como o amor? Onde buscar conceitos em pensamentos humanos tão complexos que anseiam por explicar algo que parece estar muito além da sua capacidade de compreensão. E será mesmo que explicar o amor é tão complicado assim? Na Bíblia não encontramos explicações como aquelas figurinhas dos anos de 1980 onde aprendemos que “amar é”. Mesmo o texto áureo do amor – 1 Coríntios 13 – não diz: o amor “é paciência”, mas que o amor “é paciente”. Ele não ensina que o amor “é benignidade”, mas que ele “é benigno”. Então o amor não é; o amor faz. E é pelos frutos que reconheceremos aquilo que é amor e o que não é. É fácil ser paciente quando algo nos interessa muito. Precisamos cavar profundo.
            Muitos estudiosos procuram classificar as diversas formas de amor existentes nas relações humanas: um amor ligado a família, outro expressado nas relações interpessoais; o amor a si mesmo, o amor de reprodução e aquele puramente de recreação. Tantas classificações podem gerar alguma confusão quando falamos de amor num sentido mais pleno. Tais estudiosos não vêm barreiras para, por exemplo, a poligamia ou a relação amorosa entre pessoas do mesmo sexo. A relação extraconjugal também não é um problema, uma vez que o indivíduo saiba fazer a separação entre o amor que sente por sua esposa e aquele que se presta apenas a recreação. É, segundo Gaiarsa (2004, 33,34), a tese dos “dois amores”. Mas no amor, é possível haver dois amores?
O amor já foi definido como um termo único para designar diferentes sentimentos, pensamentos e ações. Se for assim, podemos crer que possam existir diversos tipos de amor, visto a complexidade de sentimentos, pensamentos e ações do ser humano, todos ocasionados por motivações e causas diversas. Por não existir uma pessoa idêntica à outra, embora fisicamente elas possam ser perfeitas cópias, a forma como cada uma sentirá e vivenciará o amor será diferente. Cada pessoa acaba dando ao amor o seu próprio significado.
            Mas o que realmente é o amor? Apenas um sentimento do coração ou um sistema de valores que redundam em atitudes amorosas? O conceito de amor será diferente para cada povo do planeta, para cada seguimento religioso e social. O conceito de amor também irá variar de acordo com as crenças e os valores de cada indivíduo. O modo diferente como experimentamos o amor nos faz ter percepções diferentes, o que não afasta a possibilidade de investirmos pesquisa e conhecimento em busca de uma definição ideal que possa refletir de maneira positiva este sentimento universal que nos acompanha desde o início dos tempos.
            O objetivo primordial deste estudo não é se aprofundar nas questões teóricas sobre o amor, mas debater pontos importantes na arte de amar, o que envolve um estudo mais acurado. Todavia, para compreendermos a profundidade do tema e a sua dificuldade de estudo, devemos dar uma busca em alguns conceitos sobre o amor. Como afirmei no início deste livro, o meu norte está na Palavra de Deus, onde o Deus-amor se revela a nós. Estes conceitos não têm a intenção de descartar as descobertas cientificas a cerca dos relacionamentos humanos e de como agimos em dadas situações. Na verdade, eles tencionam reafirmar descobertas racionais e ao mesmo tempo fundamentar aquilo que não se pode provar através de experimentos científicos, mas que a Palavra de Deus demonstra claramente.


Um conceito bíblico

            Antes de iniciar este estudo, dei uma boa olhada nos livros de psicologia, dicionários de psicanálise e filosofia e pesquisei alguns outros que cheguei a utilizar como base para o que eu já havia pensado. Através deles tentei formular um conceito sobre amor que abrangesse todas estas áreas, incluindo a antropologia e a sociologia. Mas seria muito complicado explicar com tantas teorias algo tão singelo como o amor. Isto sem contar que todo o meu conhecimento nestas áreas é completamente vago. Então, preferi deixar com esses estudiosos tais definições e parti para aquilo que realmente sei, porque Deus tem me instruído: o amor através da Bíblia. Não a totalidade das explicações, porque estas aparecerão naturalmente durante as explanações que se seguirão.
            O amor descrito na Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento, é um dever religioso que deve se manifestar de duas formas: amor a Deus e amor ao próximo.


Antigo Testamento

As palavras utilizadas para amor no Antigo Testamento são yãdhadh (Sl 127:2), hãshaq (Sl 91:14), hãbhabh (Dt 33:3), ‘ãghabh (Jr 4:30) e  rãham (Sl 18:1). Elas conotam a mais profunda expressão possível de personalidade e de intimidade de relações pessoais, quer do homem para com o homem, deste para com Deus ou de Deus para com ele. Os termos hebraicos dôdh e ra’yâ indicam o amor apaixonado e seu objeto feminino, especialmente no livro de Cantares. Outro termo – sãhêbh – também é utilizado para indicar atração mútua entre os sexos.
Também é palavra usada para indicar verdadeira multidão de relações pessoais (Gn 22:2; 37:3) e sub-pessoais (Pv 18:21) que não tem qualquer conexão com o impulso sexual. Fundamentalmente, trata-se de uma força interior (Dt 6:5; ‘poder’) que impele uma ação que proporciona prazer (Pv 20:13), alcançar o objetivo que desperta o desejo (Gn 27:4), ou no caso de pessoas, que impele ao auto-sacrifício pelo bem do ente amado (Lv 19:18,33) bem como inquebrantável lealdade à pessoa (1 Sm 20:17-42).[1]
            O amor no Antigo Testamento é, então, um dever religioso para com Deus (Dt 6:5), o que consiste em comunhão com Ele (Jr 2:2; Sl 18:1; 116:1) e materialização da obediência diária aos seus mandamentos (Dt 10:12), e para com os próprios semelhantes como relação humana ideal (Lv 19:17,19). O amor bíblico do Antigo Testamento é vertical: ele começa em Deus e retorna a ele; mas é também horizontal: ele se estende ao próximo.


Novo Testamento

            A palavra mais comumente empregada para todas as espécies de amor no Novo Testamento é agape  agapaõ, expressando a forma mais nobre e elevada do amor. Phileõ é o termo alternativo para agapã e á mais naturalmente empregado para indicar afeição íntima (Jo 11:3,36; Ap 3:19), e para indicar o prazer de fazer coisas agradáveis (Mt 6:5). Também aqui o amor é um dever religioso para com Deus e nossos semelhantes (Rm 5:10; Cl 1:21; Lc 19:14; Jo 5:18; 1 Jo 4:11,19).


Muito mais que um dever

            Lendo assim, podemos pensar que a Bíblia trata o amor como uma simples obrigação religiosa a ser praticada entre tantas outras mais, como orar, ler a Bíblia, dar o dízimo, etc., mas não é bem assim. A começar por Deus que nos amou sobremaneira, ao ponto de fazer-se homem e entregar a própria vida para nos salvar, o amor envolve atitudes de abnegação e altruísmo, que devem ser praticados com o coração sincero e sem fingimento. Estes princípios estão por toda a Palavra de Deus, passando pelos fariseus que pretendiam sere vistos por todos através das suas manifestações de caridade e “amor”, até os cristãos, instruídos por Jesus a dar a vida pelo próximo.
            Eis alguns princípios bíblicos do amor. Aprendendo com eles, poderemos manter relações afetivas saudáveis e duradouras.


[1] J. D. DOUGLAS, Novo dicionário da Bíblia, p. 69.


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SOBRE O AMOR E O AMAR

EM BREVE!!!


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