Não vou ficar lambendo as feridas
De um tempo que já morreu
Mas vomitarei todas as palavras
Que meu coração pôde dizer
Palavras que poluem minha mente
Fétidas como o esgoto
Em seu tempo foram tão perfeitas
Mas hoje me deixam roto.
O veneno do teu amor fingido
Corroeu o meu coração
Mas as feridas já cicatrizaram
E os vermes que me consumiam
E se alimentavam da minha dor
Jamais se fartarão novamente
Porque não sou mais um cadáver
E não estou mais putrescente.
Os esqueletos tirei do armário
E as traças que me mitigavam
Hoje já não me assolam mais
Os meus nós já foram todos desatados
E a mordaça que me calava
Já não pode me impedir de gritar
De dizer a plenos pulmões:
Estou vivo, estou feliz
Estou pronto para de novo amar.
O que você é, então, para mim?
Um fantasma que não me assombra mais
Um pedra enorme que usei
Para construir mais um degrau
E poder subir um pouco mais
Longe do lamaçal da tua existência
E mais perto da felicidade
Distante da tua prisão cruel
E liberto da tua falsidade.
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