Ouvir
o som atordoante do silêncio
Que
invade a nossa vida.
Sentir
a presença da falta
Que
denuncia a ausência de alguém.
Partir
de algum lugar
E
caminhar sem chegar a lugar algum.
Olhar
fixamente a linha do horizonte
E
tentar compreender por que
Quanto
mais nos aproximamos dela
Mais
ela se distancia de nós.
Buscar
dentro de nós mesmos
As
lembranças de lugares que nunca visitamos
De
pessoas que nunca conhecemos
E
situações que jamais vivemos.
Ouvir
o tic-tac do relógio denunciando
O
tempo que jamais cessa ou retrocede
E
que às vezes parece parar.
Regatar
do fundo do nosso coração
Aqueles
sentimentos e sensações
Que
negamos sentir por algum motivo.
Sonhar
com o momento
Em
que as poderosas grades do nosso ego-prisão
Serão
finalmente destruídas.
Sentir
a carícia da brisa primaveril
Tocando
a nossa face.
Visualizar
internamente imagens inusitadas
De
coisas que, exteriormente
Somos
incapazes de realizar.
Conhecer
o verdadeiro eu
Que
se esconde por trás de nossas máscaras
E
tentar assumir que de fato somos assim.
Desejar
canta, pular, brincar, correr, gritar e dançar
Ao
som dos pássaros que cantam infelizes
Presos
em suas gaiolas.
Destruir
castelos erguidos em nossos corações
Onde
guardamos nossa porção da mais pura realeza.
Rever
nossos conceitos e valores
Sejam
religiosos, éticos, morais, filosóficos, políticos.
Conversar
conosco sobre o fato
De
jamais termos parado para nos ouvir.
Descobrir
que não somos nós mesmos
Mas
a totalidade das nossas crenças e valores
E
a imagem que a sociedade nos cobra e projeta sobre nós.
Meditar
sobre a fragilidade da nossa vida
Que
é como a erva que nasce, cresce, envelhece e morre.
Descobrir
que jamais estamos sós
Mas
estamos sempre cercado de coisas e seus significados.
Atentar
para as coisas que deram errado
Quando
poderíamos ter feito dar certo.
Lembrar
que com Deus jamais estamos sós
E
a sua presença preenche completamente nossos espaços.
Pensar
naquela pessoa amada que partiu
Sem
a mínima intenção de voltar.
Fantasiar
momentos inesquecíveis
Com
as pessoas menos prováveis para realizá-los.
Amargar
paixões utópicas e amores platônicos
Que
insistem em martelar nosso coração.
Escrever
poesias, estórias, crônicas, ensaios
Músicas,
peças teatrais, críticas, estudos sobre diversos temas.
Ler
a Bíblia e nela descobrir verdades absolutas
Que
insistimos em negar e viver o contrário.
Contar
as estrelas do céu e do mar.
Enxergar
o monstro que existe dentro de nós
E
negá-lo com veemência.
Viajar
por reinos e mundos distantes
Dando
luz à imaginação e à fantasia.
Ler
este poema até o fim.